Para muitos pode parecer que estamos fora de moda. Outros mais críticos levantariam ressalvas sobre os inúmeros problemas que podem existir nesta afirmação: acreditamos no amor! Vamos além: entendemos o poder transformador dele.
Não nos entenda mal, sabemos que existe pessoas que se aproveitam desse contexto com o intuito mais subversivo ou egocentrado (para não dizer narcisista). Mas, aí já não é amor. Não aquele que estamos falando. As distorções do amor romântico podem trazer (e trazem!) muitas crenças e, com isso, processos de sofrimento. Precisamos ter um cuidado especial ao descrever esse sentimento.
Amor é capacidade de vinculação afetiva. Um sentimento tão forte de conexão e pertença que se assemelha como um imã que atrai em direção daquele que se ama. É construção de uma comunicação na qual o parceiro se solidifica em um lugar de apego seguro- colo quentinho no qual desejamos deitar. Nada se assemelha com “metades de laranja” ou coisas desse tipo. Afinal, amor não acontece como obra do acaso. É preciso de ação ativa para sua construção e manutenção.
Parece estranho pensar numa construção do amor, não é? Mas, é a verdade! Ao contrário do que muitos pensam, amor não é algo que acontece na primeira vista. Paixão e tesão sim! Amor é construção que envolve troca conectiva, simbólica e afetiva. Envolve a capacidade de nutrir, de maneira ética, a relação de forma a possibilitar o fortalecimento desse sentimento. Que começa pequeno, quase como uma idealização e com o tempo vai se tornando mais forte.
O elemento chave para a nutrição e consolidação do sentimento de amor entre os parceiros: a intimidade. Intimidade vai muito além do que exposição de um corpo nu ao outro. É, na verdade, um processo muito profundo de exposição de si (vulnerabilidades) ao outro e a receptividade dele a você. E essa contínua troca vai trazendo maior vinculação e afeto.
A troca de afeto, carícias e compartilhar momentos gostosos juntos são ingredientes que contribuem enormemente para a percepção e intensificação da sensação do amor (naquele momento, sabe?). Um tempero gostoso e necessário! Mas, é preciso de mais.
E é esse amor que acreditamos: ético, de troca mútua, conectivo e de muita intimidade. Esse é um amor, que por definição, não é utópico, mas humano. Porque vem da nossa necessidade enquanto espécie de se vincular e se perceber bem cuidado, protegido e agraciado. Precisamos disso para nosso bem estar. Já vimos muita gente adoecer por perder um grande amor, assim como já vi muita gente se tornar mais forte e vivo pelo mesmo motivo. Não é sobre dependência, é sobre conexão e o potencial vital da mesma.
Muitas vezes, os casais que se amam muito encontram desafios em experienciar a relação de maneira mais harmoniosa. Os conflitos se tornam mais intensos e desafiadores. No entanto, não significa que não existe o amor. Pelo contrário! O sentimento é tão forte que as estratégias para tentar protege-lo acabam se tornando grandes armadilhas para a relação. Ironicamente, a tentativa de defender e preservar o relacionamento, os parceiros acabam reagindo de modo que a coloca em risco. Cada um luta com a amar que possui, não é mesmo?
A terapia de casal pode (e deve) ajudar os casais a entender esse grande ruído causado pelos desestimemos. E, consequentemente, ajudar a vivenciar um amor mais leve e seguro.